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Este espaço reserva-se à publicação dos Cadernos da Fortaleza. Com esta rubrica, o museu procura divulgar aspectos mais detalhados sobre os contextos que conduziram à edificação da Fortaleza de São Tiago bem como, da sua posterior reconversão em espaço museológico, na última década do século XX.

16.8.09

CADERNOS DA FORTALEZA II

As guerras de corso e a defesa da cidade do Funchal - 2ªparte

A partir de 1580, o corso assume outro rumo, mais intenso, por vezes disfarçado e em forma de represália, não se limitando apenas ao saque das embarcações, atacavam também por terra, indo à procura de água e outros bens junto dos habitantes locais. De entre as armadas de corsários que passaram pelos arquipélagos Atlânticos, destacam-se: a armada de Francis Drake, 1581-85 (fig.2), do Conde de Cumberland, 1589 (fig.3) de John Hawkins, 1579 (fig.4), de Martin Frobisher, Thomas Howard, e do Conde de Essex, 1597 (figs.5,6).












No que concerne à Madeira, durante este período sucedem-se inúmeros ataques de corsários franceses. Porém, só em 1566, com o assalto corsário francês comandado por Bertrand de Montluc à cidade do Funchal, verificou-se um maior empenho da coroa e das autoridades locais na defesa da ilha. Retomam-se, assim, os planos e recomendações anteriores no sentido de definir uma defesa eficaz da cidade. Deste modo, só em 1559, o Regimento de Ordenanças do Reino de publicado em 1549 tem, pela primeira vez, aplicação na Madeira. Numa primeira fase é implementado o regimento de vigias, e posteriormente por volta de 1570, o de ordenanças.
Mateus Fernandes, mestre-de-obras reais, teve a seu cargo o levantamento militar da cidade Funchal, planificação e fortificação das localidades costeiras do arquipélago. Estudo do qual resultou uma planta da cidade elaborada em 1570 (fig.7). Em 1572, Mateus Fernandes, é destacado oficialmente para a ilha, a fim de executar a fortificação da cidade, manteve-se no arquipélago até finais do século XVI.










Da implementação do regimento de fortificação idealizado por Mateus Fernandes, resultou o reforço do recinto abaluartado da Fortaleza Velha que com o fim das obras de ampliação por volta de 1620, passa a ser designada como “Fortaleza Nova”. No mesmo ano, é designada de São Lourenço, assim denominada em função da devoção da família de Habsburgo (fig.8 ) a este santo. Ainda deste regimento de fortificação, nascerá uma outra fortificação junto ao pelourinho (fig.10 e11) e a estruturação de um lanço de muralha entre as duas.
O plano defensivo viria a completar-se no período de união das duas coroas peninsulares, com a construção da Fortaleza de São Tiago (1614-1621), (fig.12 e 13) do Castelo de S. João do Pico (1603-1637) (fig.14), e com o aumento da muralha da cidade.












Museu de Arte Contemporânea do Funchal / Márcia de Sousa