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Este espaço reserva-se à publicação dos Cadernos da Fortaleza. Com esta rubrica, o museu procura divulgar aspectos mais detalhados sobre os contextos que conduziram à edificação da Fortaleza de São Tiago bem como, da sua posterior reconversão em espaço museológico, na última década do século XX.

16.8.09

CADERNOS DA FORTALEZA III

A Fortaleza de São Tiago - 2ªparte

No ano de 1614 os trabalhos de edificação da muralha alcançam os penhascos adjacentes à igreja de Santiago, supondo-se, ser esta também a data de inicio das obras de construção da Fortaleza como fecho deste troço, a julgar igualmente, pela inscrição que se encontra na chave do arco de cantaria que serve de remate à porta primitiva da fortaleza.
O traçado original da fortaleza é atribuído a Jerónimo Jorge, fortificador régio, que veio para a ilha em substituição de Mateus Fernandes. Todavia, Jerónimo Jorge morre a 26 de Dezembro de 1617, sendo substituído por um dos seus filhos, Bartolomeu João, que levará a termo a planificação e as obras de edificação da Fortaleza.
Por volta de 1618, através de Alvará Régio de D. Filipe III de Espanha (fig.3), a construção é dotada de meios financeiros, estando as obras de edificação da primitiva fortaleza concluídas a meados de 1637.
A primeira representação da Fortaleza, após a sua conclusão, surge pela mão de Bartolomeu João num mapa datável de 1654 (fig.4). Segundo palavras de Rui Carita[1], tratava-se de uma pequena fortificação com três níveis de esplanadas, todas artilhadas, sendo as esplanadas médias análogas com acesso directo à esplanada baixa, por duas escadarias, das quais apenas uma chegou aos nossos dias em conjunto com a cisterna.
A esplanada superior ou alta, possuía sensivelmente metade do tamanho que tem hoje, e tinha ligação, como acontece presentemente, com a esplanada média Este. Existindo ainda uma escadaria a Este de acesso ao mar. Da Fortaleza de São Tiago, ainda durante o século XVII, pouco mais se sabe, salvo a nomeação do Capitão Manuel Telo Catanho de Meneses, em 1697, com a missão de prover pela manutenção da fortaleza e garantir um serviço de vigias. No início do século XVIII, São Tiago possuía uma carga de artilharia composta por 16 peças montadas, sendo 4 de bronze, e 12 de ferro, com um efectivo de 20 homens (ver fig.5) (Carita,1993)[2]. De meados deste século, são também, as obras de ampliação da Fortaleza, então sob o comando do Governador e Capitão General José Correia de Sá. As obras estiveram a cargo do Engenheiro Francisco de Alincourt, ou do seu antecessor Tossi Columbina. À traça original foram acrescentados: mais um baluarte avançado a Oeste, as duas baterias baixas, e possivelmente as guaritas que a fortaleza possui presentemente. A data de 1767, em lápide sobranceira à porta, marca provavelmente o fim das obras. Estas obras de ampliação deram à Fortificação a configuração que encontramos na actualidade.




[1] (falta completar--- A arquitectura militar na Madeira séculos XV a XVII
[2] (falta completar--- A arquitectura militar na Madeira séculos XV a XVII





Museu de Arte Contemporânea do Funchal / Márcia de Sousa