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Este espaço reserva-se à publicação dos Cadernos da Fortaleza. Com esta rubrica, o museu procura divulgar aspectos mais detalhados sobre os contextos que conduziram à edificação da Fortaleza de São Tiago bem como, da sua posterior reconversão em espaço museológico, na última década do século XX.

16.8.09

CADERNOS DA FORTALEZA III

A Fortaleza de São Tiago - 3ªparte

Nos finais da centúria de XVIII, a generalidade das fortificações do arquipélago encontrava-se em estado de degradação, fruto do desinteresse geral. De facto a situação tomou tais proporções que o Governador em exercício se queixa por carta a Lisboa de que os habitantes não querem saber das fortificações, nem da defesa do arquipélago. Quando interpelados sobre este aspecto, as povoações replicavam que caso houvessem dificuldades os “senhores ingleses os defenderiam”.
Na realidade os madeirenses tinham razão! Cerca de vinte anos mais tarde, durante o período que duraram as Guerras Napoleónicas, entra na Madeira um comboio Inglês composto pelo navio de linha “Agro”, pela fragata “Carrysfort” e pelo bergantim “Falcon”, com uma armada de cerca de 3500 homens comandados pelo Coronel Henry Clinton, ocupando as abandonadas fortificações regionais, incluindo a Fortaleza de São Tiago, na altura comandado por João Manuel de Atouguia e Vasconcelos.
A Fortaleza de São Tiago beneficia largamente da ocupação inglesa, uma vez que não lhes agradando o estado em que encontraram a fortificação, vão exigir à coroa portuguesa um reforço de artilharia. Assim, a 25 de Julho de 1801 a Fortaleza recebia munições de guerra e um parque de artilharia com a respectiva guarnição. Tendo, contudo, sido mantida a anterior guarnição de um subalterno, um sargento, um cabo, um tambor e 15 soldados.
No entanto, se por um lado a ocupação das instalações defensivas da região trouxe aspecto positivos às edificações, possibilitando a sua manutenção, por outro, com a saída dos militares ingleses, quer em 1801, quer em 1806, as peças de artilharia, colocadas em condições que talvez não seriam as melhores, e com a devolução do restante armamento que provavelmente existia a Lisboa, a ilha é deixada novamente em condições de defesa muito precárias.
Aquando da grande aluvião de 1803, o comandante militar em exercício na Fortaleza, recebe ordem para alojar nas instalações de São Tiago as vítimas da aluvião que tinham ficado sem habitação. Por volta de 1806 o destacamento britânico abandona definitivamente a ilha (fig.6e 7).
Já durante o séc. XIX iniciam-se as obras de construção da casa do Governador da Fortaleza, que irão alterar parcialmente a forma estrutural do imóvel aproximando-o à sua configuração actual.
Nos inícios do século XX a Fortaleza sofre alguns melhoramentos, especialmente aquando da visita do Rei D. Carlos I à Região (fig.8 e 9). Funcionava, então, como quartel da Bateria de Artilharia Móvel e possuía uma secção destacada no Forte do Ilhéu.
Por meados do séc. XX, já desocupada, volta a ser reorganizada pela Liga dos Combatentes, sendo então feitas remodelações, por volta de 1974. Mais tarde é ocupada pela Polícia do Exército que se instala na Fortaleza com o Esquadrão de Lanceiros do Funchal.











Museu de Arte Contemporânea do Funchal / Márcia de Sousa